O biólogo ituveravense, professor Dr. Marcelo dos Santos Fernandes teve artigo publicado na importante revista internacional American Journal of Environmental Protection. Ele é biólogo, mestre e doutor pela USP de Ribeirão Preto. É professor atualmente da Fundação Educacional de Ituverava e do Colégio Evolução de Guará, além de ter sido coordenador do curso de Ciências Biológicas da FFCL (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) de Ituverava por 6 anos. Ele faz parte do Corpo Docente da Fundação Educacional desde 1993.
Prof°. Dr. Marcelo concedeu entrevista ao Jornal O Progresso com a finalidade de falar dessa realização, e também sobre o tema tratado no artigo publicado. O título do trabalho, em inglês, é “Anurofauna in an Impacted Area in the Municipality of Ituverava in the São Paulo State of Brazil”, e busca despertar a reflexão no sentido de que a expansão da agricultura está impactando muitas populações de anfíbios, antes mesmo que os detalhes de suas espécies sejam conhecidos.
Consequentemente, isso se aplica mesmo a espécies adaptadas a áreas degradadas ecologicamente pela ação humana, e que também precisam ser estudadas para sua proteção. “O Brasil é megadiverso em biodiversidade e é detentor da maior riqueza de espécies de anfíbios do mundo, com 1.188 formalmente descritas até o presente momento. Assim, meus alunos do curso de Ciências Biológicas da FFCL de Ituverava e eu resolvemos realizar um inventário de anuros”, adiantou Professor Dr. Marcelo.
Ele é filho de Maximino e Celene, tem a esposa Angélica e o filho Enzo, a quem dedica o trabalho publicado. O artigo pode ser acessado pelo link: Link do trabalho: https://bityli.com/7ydsZP. Confira na íntegra a entrevista com o conceituado biólogo ituveravense professor Dr. Marcelo dos Santos Fernandes.
Progresso: Qual o título do trabalho e em qual revista foi publicado?
Prof°. Dr. Marcelo dos Santos Fernandes: Título do trabalho: Anurofauna in an Impacted Area in the Municipality of Ituverava in the São Paulo State of Brazil. Revista: American Journal of Environmental Protection.
Progresso: O que motivou a realização deste trabalho? Por que escolheu este assunto?
Prof°. Dr. Marcelo: O que me motivou a fazer esse trabalho foi inicialmente a minha paixão pela biodiversidade dos anfíbios (sapos, rãs, pererecas, cecílias e salamandras) e sua relação com a natureza. Esses animais são riqueza e têm sua importância ecológica. Estamos caminhando para tempos difíceis em consequência da desenfreada degradação ambiental e das alterações climáticas previstas. Há uma grande preocupação da comunidade científica com a redução das populações mundiais de anfíbios em decorrência de 6 principais fatores ecológicos citados como causas do declínio e extinção desses animais: (1) uso comercial; (2) espécies exóticas introduzidas que atacam, competem e parasitam espécies nativas; (3) perda de habitat; (4) contaminantes; (5) mudanças climáticas; e (6) doenças infecciosas. A perda de habitat resultante do desmatamento e da poluição de reservatórios de água estão associados muitas vezes a produção agrícola no Brasil, e são tratadas com descaso. Além disso, o Brasil é megadiverso em biodiversidade e é detentor da maior riqueza de espécies de anfíbios do mundo, com 1.188 formalmente descritas até o presente momento. Assim eu e meus alunos do curso de Ciências Biológicas da FFCL de Ituverava resolvemos realizar um inventário de anuros (o grupo mais comum de anfíbios) em uma área rural impactada aqui do município, consistindo de uma lagoa localizada no meio de uma plantação de soja. A nossa pergunta era a seguinte: qual seria a biodiversidade desses animais e como estariam impactadas ecologicamente.
Progresso: O que representa para o senhor esta conquista?
Prof°. Dr. Marcelo: A publicação desse trabalho em uma revista internacional sem dúvida traz muita gratificação, porém os dados observados me deixam bastante chateado ao mostrar que a degradação ambiental acontece dia após dia, em diferentes níveis, debaixo do nosso nariz em todos os lugares.
Progresso: Quais impactos observados neste trabalho para o meio ambiente e, na opinião do senhor, como é possível reverter esta situação?
Prof°. Dr. Marcelo: O trabalho mostrou que nessa lagoa, no ano de 2009, existiam 15 espécies generalistas de anfíbios que eram adaptados a áreas antrópicas. Apesar de estarem no meio de uma plantação agrícola, a fauna se alimentava e se reproduzia nesse habitat com sucesso. No ano de 2010 a lagoa começou a secar, provavelmente por corte de seu suprimento e assim essa fauna se reduziu a apenas algumas espécies de reprodução explosiva quando ocorriam formações de poças resultantes das chuvas.
Os dados ficaram engavetados por 12 anos por motivos particulares e então resolvemos analisar o mesmo ambiente no ano de 2021 para encerramento do trabalho. Hoje temos um pasto com gado confinado no lugar da lagoa e todas as espécies de anuros desapareceram. De forma geral, as pessoas pensam em grandes ecossistemas quando se fala em degradação ambiental, porém ela está aqui no fundo do seu quintal. Teremos como consequências a redução da qualidade de vida e da saúde humana, alterações climáticas, perda da biodiversidade e da qualidade dos recursos ambientais, impactos socioeconômicos, entre outros.
Progresso: Qual a importância desta publicação para sua carreira? Como sua experiência de docente da FFCL contribuiu para desenvolvimento do material?
Prof°. Dr. Marcelo: Com certeza essa publicação conta pontos em minha carreira de biólogo. Apesar da experiência acadêmica nos capacitar, a execução de um projeto de pesquisa desse tipo é aprendido quando cursamos a pós-graduação stricto senso (mestrado e doutorado) em carreiras científicas.
Progresso: Considerações finais e agradecimentos.
Prof°. Dr. Marcelo: Gostaria de agradecer a Deus e a minha maravilhosa família. Além disso, esse trabalho não é exclusivamente meu e não teria existido sem a importante participação dos biólogos Thiago Borges da Silva e Michael Douglas Custodio Galindo, que são pessoas magníficas. Gostaria de dedicar esse trabalho a pessoas muito queridas da minha vida: minha amorosa mãe Celene, meu pai Maximino, minha esposa Angélica, meu filho Enzo e a minha sogra Lazinha.