A médica endocrinologista pediátrica Doutora Juliana Cavalari Galdiano de Lima concedeu entrevista ao Jornal O Progresso abordando o tema Obesidade Infantil. Na oportunidade ela orienta sobre a importância da alimentação saudável para a vida das crianças.

   Segundo a Dra. Juliana, esta é uma preocupação que deve ocorrer desde a decisão de gerar um bebê, destacando a importância dos “mil dias” incluindo o período de gestação.

   A médica, que é ituveravense, atende na Clínica da Sunmed e no AME de Ituverava, além de clínica particular em Ribeirão Preto. Ela é formada pela Universidade de Uberaba e possui especializações em Pediatria e Endocrinologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

   Casada com Luiz Sérgio de Lima Júnior, ela é filha dos empresários Cláudio de Paula Galdiano e Regina Cavalari Galdiano, diretores do Hotel Flamingo de Ituverava e tem  os irmãos Ana Júlia Cavalari Galdiano e Cláudio de Paula Galdiano Júnior.

   Progresso: Qual a importância de os pais se preocuparem com a alimentação dos filhos desde os primeiros anos e evitar a obesidade infantil?

   Dra. Juliana Cavalari Galdiano de Lima: Na verdade essa preocupação tem que ocorrer desde a decisão de querer gestar um bebê. Os hábitos alimentares da gestante refletem diretamente nos hábitos da vida da criança e até mesmo da vida adulta.

   O líquido amniótico tem sabor para o bebê e isso ocorre a partir do que a mãe come. Por isso, uma mãe com hábito alimentar saudável vai colaborar na fase da aceitação da introdução alimentar.

   A importância do cuidado da aceitação e adequação da introdução alimentar até os dois anos, é devido ser a fase em que aquela criança está criando seu hábito alimentar; é nesse momento que temos que atuar com grande responsabilidade e não ofertar doces, guloseimas, açúcares em geral. Um hábito alimentar bem construído evita a seletividade alimentar, a obesidade, aprende a gostar do sabor real dos alimentos (sem serem adoçados) e tem uma melhor aceitação de alimentos saudáveis, evitando assim a obesidade.

   Outra importância no cuidado com alimentação nessa fase que chamamos de “mil dias” (da gestação aos dois anos de vida) é por ser nessa fase que estamos produzindo a nossa microbiota intestinal (as bactérias “boas” do intestino). Elas auxiliam na absorção adequada dos nutrientes dos alimentos e irão ajudar no funcionamento do nosso intestino. Caso forem induzidas por alimentação inadequada, como por exemplo, o uso excessivo de antibióticos, o metabolismo dessa criança será modificado, podendo causar obesidade, deficiência de nutrientes e, inclusive, alteração no humor.

   Progresso: Quais alimentos que mais acarretam futuros problemas para a saúde da criança e deve ser evitados? Quais alimentos recomendados?

   Dra. Juliana: Atualmente temos uma alta quantidade de alimentos ultra processados, ricos em gorduras e açúcares, sendo recomendado que estes alimentos sejam evitados; já os recomendados são aqueles de origem natural, como frutas, verduras e legumes.

   Ao contrário do que se pensa os sucos naturais não são recomendados; é preferível que a criança faça a ingestão da fruta como um todo, uma vez que apenas a fruta contém as fibras necessárias bem como outros nutrientes. Além disso, muitas vezes nas preparações dos sucos, utilizamos uma quantidade maior de fruta do que a criança realmente necessita e, na maioria das vezes, utilizamos açúcar na sua preparação.

   Progresso: Como o excesso de peso na infância pode gerar futuros transtornos para a Saúde ao longo da vida? Quais as consequências da obesidade infantil para a pessoa?

   Dra. Juliana: A obesidade infantil está relacionada a aumento de diabetes, pressão alta, esteatose hepática (gordura no fígado), infarto, acidente vascular cerebral… na vida de adulto jovem. Sem mencionar alterações emocionais e psicológicas devido a situações de bullying, podendo resultar em depressão, fobia social, ansiedade. Também está relacionado à obesidade como desencadeador de puberdade precoce, ficando o alerta a todos os pais e responsáveis.

   O que devemos ter em mente que a obesidade é considerada uma doença independente de ter ou não exames alterados, tanto que ela possui CID (Código Internacional de Doença) próprio, e, por isso merece que seja evitada e cuidada assim que detectada, pela série de complicações imediatas e a longo prazo que ela pode acarretar.

   Progresso: Quando um endocrinologista pediatra deve ser procurado? O que pode ser prevenido através da consulta e ou tratamento com profissional?

   Dra. Juliana: Quando notar que a criança está apresentando um ganho de peso anormal ou acima do peso esperado para a idade. Torna-se interessante um acompanhamento periódico na tentativa de identificar qualquer mudança de padrão alimentar, e até mesmo antever quaisquer alterações de peso ou complicações.

   O endocrinologista irá orientar e, se necessário, realizar exames para avaliar a possibilidade de complicações e a necessidade de iniciar algum tratamento medicamentoso.

   Progresso: Há quanto tempo a senhora é médica? Onde se formou? Onde especializou-se/Residência? Onde trabalha atualmente?

   Dra. Juliana: Eu me formei na Universidade de Uberaba (UNIUBE) em 2014, fiz residência médica de pediatria na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e residência médica em endocrinologia pediátrica também na UFTM, concluída em março de 2020.

   Atualmente eu atuo como Endocrinologista Pediátrica na Sunmed em Ituverava,  no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Ituverava. E também em consultório particular em Ribeirão Preto no Centro Médico do Ribeirão Shopping.

   Mais informações no instagram: @draendocrinoped