Humberto França

Um nome que é uma expressiva legenda nos fatos da imprensa do interior.

Uma existência toda voltada ao exercício do jornalismo. – “Cidade de Ituverava”: um milagre da pertinácia de um grande especialista

O jornalista Humberto França veio ao mundo com a predestinação do jornalismo.

No dia 23 de janeiro de 1949 ele completou sessenta e seis anos de vida, dos quais cerca de cinquenta foram inteiramente votados à imprensa paulista.

Nascido em 1883, em Araras, onde fez o curso primário, ingressou em seguida no Liceu Coração de Jesus, de São Paulo, tendo ali feito parte do currículo ginasial, e onde também, para sempre, se delinearam as diretrizes de sua vida, pois no Liceu aprendeu o ofício de tipógrafo, que havia de guindá-lo ao mundo do jornalismo.

Abandonando os estudos em 1896, abraçou a profissão de gráfico, datando daí, praticamente, a sua carreira jornalística, pois o tipógrafo no interior é bem uma espécie de factótum (administrador) duma editora de jornal, desempenhando os misteres de redator, formista e impressor.

De 1898 a 1912, Humberto França exerceu a sua profissão em diversos jornais. De 1898 a 1900 trabalhou no jornal “O Progresso”, de Itatuba, neste estado, e o qual era de propriedade de Narciso Gomes. Em 1900, foi tipógrafo do jornal “Perdão Amor e Caridade”, de Franca. Ainda nesse mesmo ano trabalhou também no “Diário da Manhã”, de Ribeirão Preto, cujo diretor era Juvenal de Sá. De 1901 a 1912 empregou suas atividades profissionais no “O Nuporanga”, que mais tarde teve seu nome mudado para “A Notícia”, e cujos proprietários eram Cividanes & Cia.

No ano de 1912, Humberto França fundava o semanário “O Sales Oliveira” na cidade homônima, e o qual foi mantido sob sua direção pelo espaço de dois anos.

Por fim, naquele caótico ano de 1914, a 31 de maio, quando a Alemanha já ensaiava a sua arremetida à França, por intermédio da Bélgica, nascia o hebdomadário “Cidade de Ituverava”. Nascia das mãos desse homem de fibra invulgar, em cuja límpida trajetória pelos escabrosos caminhos da imprensa provinciana, não se notou jamais a mínima turvação a obumbrar-lhe a clareza de atitudes.

Digno de nota é o fato de que, para lançar o “Cidade de Ituverava”, o sr. França, em virtude da escassez de recursos, teve de confeccionar a mão o cabeçalho do jornal. O feitio e a disposição do título do semanário conservaram-se, com pequenas modificações, o mesmo até suas edições finais.

Durante esses trinta e quatro anos de vida (na época da publicação do texto) do “Cidade de Ituverava”, quantos tropeços, quantas dificuldades e quanta incompreensão teve o nosso heroico diretor de enfrentar.

Às vezes, quando as coisas iam mal, e os magros proventos pecuniários proporcionados pelo jornal e tipografia não davam para manter empregados, o sr. França reunia a sua própria família para ajudá-lo na confecção da folha que, apesar das incríveis dificuldades, era, como tem sido os diretores dos jornais locais até hoje, a sua preocupação máxima, o seu bonito sonho de idealista, o leitmotiv (motivo condutor) mesmo de toda a sua atribulada existência.

Triunfou, por fim, essa pertinácia de titã, que nos voos agigantados e soberbos do Ideal, sempre teve por força propulsora uma magnifica Fé, que jamais esmoreceu ou se entibiou diante da aspereza do caminho fartamente espinecido.

Nesses trinta e quatro anos de vida (em 1948), o semanário sempre e sempre animou, prestigiou, amparou a corporificou até os movimentos tendentes a elevar o progresso de nosso município, e a sua atuação benéfica, o seu estímulo forte tem sido a mola propulsora das realizações ituveravenses.

E foi reconhecendo todos esses extraordinários serviços prestados à coletividade, que a Associação Paulista de imprensa, há poucos anos, conferiu ao diretor do Jornal “A Cidade de Ituverava” um diploma de mérito, no qual se realçam os seus serviços dedicados e eficientes à imprensa paulista.

(Da revista Comarca de Ituverava, que era produzida pelo Jornal Cidade de Ituverava, onde Humberto França foi diretor e redator entre outras atividades).

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