O presidente do CRECI-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) José Augusto Viana Neto concedeu entrevista ao Jornal O Progresso quando falou sobre o momento atual para a compra de imóveis.
Segundo ele, a alta da Selic que chegou agora a 11,75% não deverá impactar nos financiamentos imobiliários. Ele dá dicas sobre as modalidades de financiamentos, suas diferenças e suas perspectivas para o mercado ainda no primeiro semestre.
“No meu ponto de vista, o mercado ainda neste primeiro semestre, ele deverá ter uma reação positiva porque o número de pessoas com carteira assinada tem aumentado bastante e aumentando o emprego, a ferramenta para fazer o negócio imobiliário é o comprovante de renda oficial e a carteira assinada é o melhor comprovante”, explica Viana Neto.
Progresso: Em sua opinião, a alta da Selic a 11,75% vai impactar os financiamentos imobiliários?
José Augusto Viana Neto: A alta da Selic, que chegou agora a 11,75% não deverá impactar nos financiamentos imobiliários pelo fato de que os bancos estão mantendo as taxas de juros sem acréscimo porque senão não conseguem atingir a cota necessária que a Legislação lhes impõe do dinheiro que é arrecadado pela captação da poupança. Com isso é evidente que as taxas de juros não vão subir. Como exemplo da Caixa Econômica Federal que muito recentemente acabou de baixar a taxa de juro para tentar desovar este dinheiro e cumprir com a Legislação.
Progresso: Há espaço para taxas de financiamento mais altas depois da pandemia e de um aumento dos preços em todos os setores da economia?
Viana Neto: Não há espaço para taxas de financiamentos mais altas de maneira nenhuma. A renda das pessoas não aumentou de acordo com a taxa de juro. As pessoas mantém seus salários e com isso, o mínimo exigido pelo banco como comprovante de renda acaba não atingindo e aí a pessoa fica sem comprar e o banco não consegue emprestar. Então neste momento eles têm que manter a taxa de juros ou então abaixar para que possa ter tomadores de dinheiro, caso contrário eles não conseguirão cumprir a cota exigida pelo Banco Central.
Progresso: Comprar um imóvel neste momento pagando em 20 ou 30 anos, não é um passo arriscado?
Viana Neto: Comprar imóvel pagando em 20 ou 30 anos não é um passo arriscado de maneira nenhuma, até porque a partir do momento que os bancos começarem a acirrar a concorrência entre si e isto acontece invariavelmente, evidente que o mutuário poderá buscar a portabilidade de seu financiamento, buscar um banco que esteja cobrando taxas menores e com isso resolver seu problema. Então se no momento a taxa de juro está alta, mas há possibilidade de fazer negócio faça e, no futuro faça a portabilidade, com certeza dará certo.
Progresso: Na opinião do senhor, o mercado vai absorver essas altas da Selic já que o Copom já prevê mais 1% em maio?
Viana Neto: Com certeza absoluta o mercado vai absorver estas altas taxas da Selic e como o Copom está revendo mais 1% em maio, isto não vai impactar porque caso isto aconteça, evidentemente que os bancos vão ficar com este dinheiro retido e o problema será muito mais sério para eles do que emprestar o dinheiro, então taxas de juros mais baixas do que a Selic deverão permanecer.
Progresso: Qual a dica que o senhor pode dar para quem está pensando em comprar a casa própria?
Viana Neto: As dicas para quem está pensando em comprar a casa própria neste momento, em primeiro lugar é verificar sua localização se é adequada aos estudos dos filhos caso os tenha e evidente com seu local de trabalho para evitar dificuldade de mobilidade. Esse é o primeiro ponto e, depois verificar o tamanho do imóvel e de que forma deve ser composto para proporcionar o conforto da família. E, o que é sempre mais importante: a questão do preço, verificar o preço do metro quadrado, fazer uma bela pesquisa, não ir fechando negócio logo de cara e tentar negociar com corretor ou com a imobiliária um desconto no preço que está sendo pedido e depois evidentemente tem a questão da documentação que é um fato muito importante, porém, se estiver assistido por um corretor de imóveis caberá a ele a responsabilidade na análise destas questões, caso não tenha um corretor é um problema bem sério porque a pessoa tem que ter conhecimento a respeito destes detalhes que não são poucos.
Progresso: Qual a melhor forma de financiamento na sua opinião? O que usa a TR ou IPCA?
Viana Neto: Olha, há quem defenda o IPCA como melhor forma de financiamento, agora no Brasil prevalece a TR porque é a Taxa Referencial por onde são colocados os reajustes e o IPCA, que é o Índice de Preços do Consumidor Amplo, ele mede a inflação como um todo, pegando vários aspectos da economia e somando, então eu considero importante que no momento do financiamento se faça uma análise, mas a TR é a modalidade que tem sido preferida.
Progresso: Qual a diferença da tabela SAC e PRICE?
Viana Neto: A diferença entre a tabela SAC e PRICE é que a SAC é um Sistema de Amortização Constante, a pessoa começa pagar uma determinada prestação e ela vai decrescendo a partir de um tempo e chega ao término com valores irrisórios, muito baixo a Tabela PRICE é diferente, ela começa com um determinado valor, a amortização vai ser parte do juro e parte capital e a tendência é chegar no fim com prestações mais altas. Há um certo preconceito com a tabela PRICE que é usada no mundo inteiro e só no Brasil que tem esse preconceito com a tabela PRICE e, aqui no Brasil, o Sistema de Amortização Constante é a modalidade de preferência.
Progresso: Quais suas perspectivas para o mercado ainda no primeiro semestre?
Viana Neto: No meu ponto de vista, o mercado ainda neste primeiro semestre, ele deverá ter uma reação positiva porque o número de pessoas com carteira assinada tem aumentado bastante e aumentando o emprego, a ferramenta para fazer o negócio imobiliário é o comprovante de renda oficial e a carteira assinada é o melhor comprovante e como tem aumentado exponencialmente o número de empregos, esta formalidade permite a essas pessoas que tenham acesso ao financiamento imobiliário, então acredito que gradativamente vamos ter uma melhora no mercado imobiliário e a visão é de otimismo neste futuro próximo.