Professor, fundador do Anglo em Ituverava e criador do método de ensino Criar de Redação também concedeu entrevista ao Jornal O Progresso
O professor Luiz Cláudio Jubilato que foi fundador do Colégio Anglo em Ituverava, criador do método de ensino Criar de redação, esteve em Ituverava na manhã de sexta-feira, dia sete de novembro. Na oportunidade, ele proferiu palestra para os alunos do Colégio Anglo da Fundação Educacional de Ituverava. Ele falou sobre o Enem e a importância da leitura para os jovens.
Além dos alunos, a palestra foi prestigiada pelo presidente da Fundação Educacional de Ituverava Paulo Cesar da Luz Leão, diretor executivo José Eduardo Mirandola Barbosa, vice-diretor executivo Luiz Miguel Ribeiro Moyses, tesoureiro Vicente Paulo Vieira, diretor do Colégio Anglo/FE Fernando Sarreta e a ex-diretora do então Colégio Liceu Vincent Van Gogh, Solange Martins Mira.
Em entrevista ao Jornal O Progresso ele comentou sobre o diferencial dos alunos que optarem pela leitura nos dias atuais e como professores, famílias e sociedade podem estimular os jovens à Leitura diante da concorrência com tantas opções de diversão nos tempos de aparelhos eletrônicos, especialmente telefones celulares. Confira a entrevista abaixo:
Progresso: Qual o motivo da sua presença?
Luiz Cláudio Jubilato: Eu vim dar uma palestra para os alunos do Anglo sobre o Enem e sobre Leitura. O Brasil é um país onde se menos lê no mundo e a intensão é justamente estimular os alunos à leitura, mostrar para eles a diferença que faz entre o aluno que lê e o aluno que não lê.
Mostrar para eles que um livro faz a diferença, mas também o jornal faz muita diferença porque, por exemplo, o que vai acontecer na prova do Enem que vou conversar com eles: a prova do Enem vai exigir deles uma intervenção social, ou seja, uma série de intervenções para resolver uma problemática, então o que o Enem quer, pegar o aluno ali, ou seja, tem que ler para saber o que está acontecendo, mas também tem que ler para ter uma cultura geral.
Então minha vinda até aqui, foi justamente para estimulá-los à leitura e ao mesmo tempo instruí-los como fazer uma redação para o Enem sem ter que fazer o tal do modelo de redação que facilitou muito o aluno, mas também atrapalhou muito, ele virou um decorador.
Progresso: Na opinião do senhor, o que tem afastado o jovem da leitura?
Jubilato: Primeiro o excesso de divertimento, nós somos uma sociedade que criou muito divertimento e pouca responsabilidade. Outra coisa, a internet, que ajudou bastante e a outra coisa é que a Literatura dentro da escola, é quase um instrumento de tortura, o aluno tem que ler um livro para fazer uma prova e deveria ser o contrário, deveria ser uma ideia de fazer a leitura se tornar um divertimento.
O professor ler com aluno, olhar as várias camadas que tem no livro, mas pelo currículo das escolas brasileiras isso é quase impossível, então o pessoal tem que cumprir um currículo e fica complicado estimular a ler. Então o aluno tem pouco vocabulário por causa da internet, mesmo que a escola estimule por causa do currículo e hoje temos que pensar que essa juventude tem tudo na mão. Ela tem todas as informações possíveis, mas ela tem um problema de decodificação. Ela não consegue entender o que é um enunciado de prova, temas de redação e, então hoje tenho que estimulá-los a entender isso, mostrar que o vestibular pede isso, a faculdade pede isso, o mercado de trabalho pede, quanto mais leitura quanto mais vocabulário, melhor.
Progresso: Como as escolas, os professores e as famílias devem fazer para estimular os jovens à leitura em meio à concorrência com meios eletrônicos de diversão por exemplo?
Jubilato: Primeiro passo foi dado que foi a lei que tira o telefone celular da sala de aula a não ser por motivos pedagógicos que pode ser usado. Sempre disse que o celular não é um problema e sim, a maneira que se usa o celular é um problema e a escola virou uma ilha, porque, por exemplo, se você não tirar o telefone da sala de casa não adianta tirar da sala de aula.
A outra coisa que se pode fazer é clube de leitura dentro da escola. Ou seja, os alunos virem para escola em um grupinho para poder começar a ler e aí este grupo vai estimulando outros alunos ou você fundar vários grupos e cada um deles escolher o que vai ler, porque o professor é muito impositivo e a escola é muito impositiva, então de repente, a ideia é dar uma lista de coisas possíveis e escolher aquele que mais gosta e como a garotada lê pouco, a ideia é começar com contos, crônicas, artigos de jornal. Textos mais curtos vão estimulando ao hábito e gosto por outras leituras.
Progresso: O senhor continua com Criar Redação, como está a vida profissional?
Jubiliato: Essa vida profissional é uma loucura (risos). Eu continuo com o Criar, que continua sendo uma referência em Língua Portuguesa e temos o sistema de franquias que é bastante estimulante e ao mesmo tempo com isso temos contatos com muitos lugares diferentes e alunos com perfis diferentes e Ribeirão Preto continua sendo nossa sede.
Aqui em Ituverava nós não temos mais a unidade porque eu tive alguns problemas de saúde, então há algum tempo não temos mais a unidade de Ituverava, mas voltaremos com ela e em breve estaremos de novo e novamente em parceria com o Jornal O Progresso.
A ideia é a seguinte: aula todos os dias e todo dia palestra ainda mais agora com o Enem chegando é uma palestra atrás da outra e viagens atrás da outra e outra coisa é muita leitura, porque atualmente você tem que passar conhecimento para os alunos porque eles têm uma dificuldade muito grande, então é estudar muito, trabalhar muito, em termos de melhorar a cultura pessoal para poder passar para os alunos e isso demanda tempo, esforço e muito trabalho.
Progresso: E quanto à linguagem dos jovens, como os profissionais de Educação conseguem se adaptar?
Jubilato: O grande problema é que o aluno tem sempre 15, 16 e 17 anos e professor vai envelhecendo. Igual meu caso por exemplo. Mas fato de você trabalhar com eles, você tem que entender o mundo que eles vivem, só que eles andam muito rápido em termos de tecnologia e o professor não domina tecnologia como eles e o professor também não pede ajuda e há uma certa soberba dos professores.
O professor acha que já alcançou a base cultural dele e quem continua estudando por métodos antigos não entende a garotada, tanto que saiu uma série chamada Adolescência que mostrou a distância que existe entre a garotada que domina toda tecnologia igual meu filho que derrete um telefone celular e tenho que pedir ajuda para ele.
Então o tempo todo a gente tem que estar ligado neste pessoal. O que está acontecendo também, é muita discriminação e a tendência do pessoal mais velho é discriminar a garotada dizendo que eles não tem vocabulário, mas o vocabulário se constrói até mesmo pelo celular, se constrói através da conversa, através de uma aula mais dinâmica de um professor que se reúne mais com alunos através de poucos grupos ao invés apenas em uma sala de aula grande e, é preciso ter uma dinâmica diferente de trabalho com um vocabulário que está mais próximo deles do que o meu.
Progresso: O senhor fundou o Anglo e permaneceu por quanto tempo em Ituverava?
Jubilato: Dei aulas sete anos na Fundação Educacional, depois montei o Anglo e fiquei 20 anos com o Anglo e tive um AVC aqui dentro do Anglo em Ituverava, inclusive. Saí daqui e fui para Ribeirão Preto e neste tempo, o médico disse que eu teria três dias de vida e há 12 anos que enganei a ele. Minha cognição ficou perfeita e o trabalho intelectual continua normal e a única coisa que aconteceu foi um pouquinho de problema de mobilidade do lado esquerdo e de fato tem 14 anos que não entrava em nenhuma escola em Ituverava e vim justamente aqui por causa do Anglo.
Progresso: E o que representa para o senhor retornar e ver que bandeira do Anglo é predominante na Fundação Educacional para os ensinos infantil, fundamental e médio?
Jubilato: Me deu alegria muito grande, porque antes era Coc e Anglo e sempre acreditei muito no Anglo, tanto que montei em Ituverava porque já tinha dado aulas no Anglo em São Paulo e sempre me chamou atenção por ser um material mais didático e o aluno ter um material mais compacto e o Anglo tem a grande vantagem, você não estuda aquilo que não precisa. Então, as escolas tendem a dar muitas matérias e muitas delas não caem em lugar nenhum e não fazem nada e nem ajuda o aluno a nada.
Progresso: Valeu a pena a transferência que o senhor fez para a Fundação Educacional?
Jubilato: Sim, ver por exemplo que o caminho que o pessoal está trilhando aqui foi aquele que sempre imaginei, ou seja, a ideia não se perdeu e continua cada vez mais crescendo e se auto definindo. Espero que a Fundação continue fazendo esse grande trabalho que é o que eu estou vendo acontecer.
Progresso: Mais alguma coisa, o senhor gostaria de acrescentar?
Jubilato: Eu somente gostaria de acrescentar que é uma felicidade imensa ter chegado em Ituverava e ver pessoas que não vejo há bastante tempo, como a Solange por exemplo, que foi minha diretora durante muitos anos e ver vocês também e saber que o Jornal O Progresso está o tempo todo progredindo e isso é uma coisa fantástica numa cidade pequena porque nas grandes cidades os jornais praticamente quase não estão existindo mais.
É uma alegria conversar contigo e ver que aqui as coisas estão andando na melhor forma possível, vejo Ituverava crescendo na área de Educação e isso é uma coisa muito boa também.
Inclusive receber o convite para estar aqui hoje foi uma emoção muito grande até meio que do destino, vir para Ituverava para o Anglo que você defendeu e inclusive é um fator assim: você saiu do Anglo para voltar ao Anglo.
